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quarta-feira, 15 de junho de 2011

SPYKER C8 12S


São poucos os motivos que levam alguém a querer trabalhar num sábado. O meu era muito nobre, exclusivo e rápido: pilotar o superesportivo holandês Spyker C8 Spyder no Campo de Provas da Pirelli, interior de São Paulo.
A primeira sensação já é forte: o pedal de embreagem é pesado, com curso curto. Os outros pedais, de acelerador e freio, ficam juntinhos, saindo do assoalho, como manda a cartilha dos esportivos. A direção, com volante de base chata, tem bom peso, enquanto a alavanca de câmbio, de puro alumínio e com a haste do trambulador exposta, intimida. 

NADA DE AUXÍLIOS ELETRÔNICOS - Ao meu lado, há um co-piloto contratado pelo importador do carro, à guisa de instrutor (na verdade, sua principal função era conter ânimos). No fim da curtíssima reta inicial da pistinha da Pirelli, ele já pede cautela, para encarar o “cotonete”, uma fechada curva em U do circuito. “Esse carro é on/off, errou um pouquinho e ele roda sem dó”, explica.
À frente, instrumentos com roupagem clássica, mas úteis em um carro que faz de 0 a 100km/h em 4,5 segundos. Um detalhe: riscando o asfalto, sem nenhum controle de estabilidade ou de tração. Impressionado? Também fiquei, e muito…
Envolto pelo interior de couro e alumínio (tudo revestido de forma impecável), levanto a capinha vermelha de uma chave no painel. Como num caça, aperto o botão de partida. Isso acorda os 400cv do motor V8 central, de 4,2 litros, o mesmo usado no Audi R8.
Só que aqui o ronco é mais agressivo, ardido, puro. Solto a pesada embreagem, de curso mínimo, e o Spyker começa a se mover. Nos bancos bem esportivos, sinto a cabeça ser pressionada na mesma intensidade com que o pedal do acelerador vai chegando ao fim do curso. O Spyker pede marcha atrás de marcha. 


Até dezembro, o importador espera vender cinco carros. No ano que vem, com a inclusão de dois modelos, o C8 Aileron e o D8 Peking to Paris (utilitário esportivo de altíssimo luxo), quer chegar a 20.
Sigo o conselho, afinal, estou com R$ 1,15 milhão em mãos. Saio do cotonete e, na segunda reta, de cerca de um quilômetro, afundo o pé. O ponteiro do velocímetro sobe sem cerimônia, bem como o ronco dentro da cabine.
Em terceira, com o motor me pedindo “acelera, acelera!”, escuto o grilo falante que me acompanha relatar sua experiência com o carro, muito mais libertina que a minha: “Pela manhã fiz um drift nesta curva, de ponta a ponta. É impressionante como esse carro é equilibrado…”
Segunda, terceira, quarta, quinta… Tudo isso acompanhado de uma sinfonia que tentei gravar no celular, para ter de recordação. O fim da reta chega logo, e, beirando os 210km/h, já é hora de alicatar nos freios e descer marcha para encarar a curva de alta - se tivéssemos mais reta, poderíamos tentar alcançar a máxima de 300km/h.
Proibido de fazer o mesmo, e com uma inveja enorme, me conformo em perceber como a carroceria não inclina e como cada toque no volante faz o nariz do holandês voador apontar para onde você quer.
A cautela fazia sentido. Só existem dois Spyker no Brasil. Este que dirigimos voltará para a Holanda após testes e demonstrações. Um segundo exemplar, o cupê C8 Laviolette, está a venda pela Platinuss, representante da marca em São Paulo. Como apenas cem exemplares de C8 são produzidos por ano, entende-se a exclusividade de que estamos falando.

Na segunda volta, tento me comportar como um condutor comum - se é que o comprador de um carro destes fará isso. Ando de forma mais civilizada, mas o Spyker reclama e fica o tempo todo querendo andar mais, como um cachorro animado que fica puxando o dono pela coleira.
Começo a explorar as chaves do painel. Uma delas aciona o dispositivo Whisper Mode, que altera o ronco do motor. Com o sistema em normal, até 4.000rpm, o Spyker se torna mais silencioso e fica com um “ronquinho” de Audi R8, sem graça até… Mas, independente do gosto musical do motorista, o som volta a ser visceral acima dessa faixa de rotações. Já no modo Sport, a sinfonia é alta e excitante desde o o começo.
DEFEITO - Como todo carro tem defeitos, vamos aos do Spyker. Sua namorada, por exemplo, não gostará de entrar no carro, ato que requer uma ginástica incrível. O vidro se abre pouquíssimo, com o de um Subaru SVX. E o cinto de segurança pretão, básico, destoa completamente de um interior tão refinado, na cor de caramelo.
Mas pode ter certeza que você esquecerá todos esses pecadilhos ao afundar o pé no acelerador. Acredite: é inesquecível.
FICHA TÉCNICA:
Preço: R$ 1.150.000
Origem: Holanda
Motor: Central, Audi V8, aspirado, cinco válvulas por cilindro, 4.172cm³. Potência máxima de 400cv (a 6.500rpm) e torque máximo de 48,9kgfm (a 3.500rpm)
Transmissão: Tração traseira, câmbio manual de seis velocidades
Suspensão: Dianteira com braços sobrepostos, molas e amortecedores em cantilever; Traseira multibraço
Pneus: 235/35 R19 na dianteira e 295/30 R19 na traseira
Dimensões: comprimento: 4,18m; altura: 1,08m; largura: 1,88m; entre-eixos: 2,57m
Peso: 1.250 quilos
Desempenho: 0 a 100km/h em 4,5s e máxima de 300km/h

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